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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Show emocionante de Zé Ramalho em Jequitinhonha

A festa, das maiores que já vi aqui na região, aconteceu em Jequitinhonha no sábado, 2 de abril com Zé Ramalho dando um tom saudosista e meio retrô acompanhado por uma enorme e entusiasmada multidão que enchia todos os espaços vagos e, literalmente, transbordava da Praça de Eventos.
Foi surpreendente.  Zé Ramalho, embora talentoso, nunca foi um artista de primeiríssima grandeza que enchesse estádios e casas de espetáculos nem na sua fase áurea. Pelo visto, sua carreira, já caminhando para o final retoma um fôlego inesperado.
Foi surpreendente. Pelas placas dos carros via-se que o interesse despertado não se limitou a Jequitinhonha ou às cidades mais próximas. Tinha carros de Nanuque, Comercinho do Bruno, Porto Seguro e muitos outros lugares que significavam viagens longas e cansativas para os que vieram curtir o veterano cantador. Isto sem falar dos inúmeros ônibus e excursões organizadas com esta finalidade.

Foi surpreendente. Não foram apresentadas músicas novas. Que os mais adultos, os de meia idade e mesmo os mais velhos conhecessem aqueles sucessos, tudo bem, mas, ver a rapaziada, a juventude repetindo o refrão de clássicos como Avo Hai, Frevo Mulher, Vida de Gado, Chão de Giz foi mais que surpreendente: foi entusiasmante. Na minha leitura, talvez muito otimista, tomara que seja este um sinal de que a música Axé-xelenta está com os dias contados.
Foi surpreendente. As músicas do Zé Ramalho e de alguns cantores que ele admira e interpreta (Raul Seixas por exemplo) são complicadas, misteriosas, cheias de metáforas, de indicações dúbias, as vezes de difícil compreensão mas, sempre com um ótimo efeito e nunca com a superficialidade epidérmica de algumas músicas “modernas” (Pode não, quero não, minha mulher não deixa não). Isto não impedia, parece até que estimulava a platéia a acompanhar e a repetir aquelas frases de obscuro significado com o encantamento e o prazer de um encontro com velhos conhecidos. Tava lá. Tava na cara. Tava na expressão satisfeita de todos que curtiram o Show.
Foi surpreendente. Em nenhum momento o artista precisou gritar aquela bestajada de “Jogue as mãos pra cima, tire os pés do chão, quem já beijou hoje¿ quem é Cruzeiro¿ quem é Atletico¿”. No entanto, a platéia ficou ali hipnotizada, curtindo até o fim o show de um homem velho, cantando músicas velhas, e sem parafernálias tecnológicas. Apenas –e é isso que é tudo- a música brasileira de qualidade no melhor da sua criatividade seduzindo e hipnotizando corações e mentes e mostrando que qualidade não tem idade.
Eu fui! Eu gostei e muito! Pela cara dos muitos amigos, na saída do espetáculo, tenho certeza que todos diriam o mesmo.
 
Fonte: http://juliomares.blog.br

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