Manifestantes protestam cantando o Hino Nacional
e pedindo o fim da ditadura na Universidade
Mais um dia histórico na luta pela instalação de campus da UFVJM em 3 cidades do Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas. A reunião do CONSU – Conselho Universitário da UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri foi suspensa por autoritarismo do Reitor Pedro Ângelo. Ele simplesmente não aceitou que o assunto fosse discutido na pauta de reunião do CONSU, nesta sexta-feira, 10.02, em Diamantina, mesmo com a insistência de conselheiros que propuseram que a inclusão do tema na pauta fosse aprovado ou não pelo plenário. Ele disse que quem fazia pauta era ele e pronto. Houve uma negativa , em atitude arbitrária, como todas as ações que o Reitor vem tomando em relação ao Vale.
Quando chegou ao ponto de discussão sobre a expansão da UFVJM para dento do Vale, o Reitor debochou disse que “iria ler uma carta do Movimento A UFVJM é nossa! como uma deferência, porque se fosse ler toda correspondência que chegava lá não tinha reunião que terminava”. E leu a carta do Movimento ao CONSU, solicitando que naquela reunião fossem definidas as cidades que seriam sedes de campus, baseado em critérios técnicos e geopolíticos, não adiando mais tal decisão, para evitar o açodamento e a rixa entre cidades. Mesmo assim, ele reafirmou que não iria colocar o ponto em discussão, jogando a responsabilidade na Comissão formada que não indicou diretamente as cidades estudadas.
O conselheiro Flávio Vidigal disse ao Reitor que quem saiu do Baixo Jequitinhonha, a 500 quilômetros de Diamantina, para participar de uma reunião que define o futuro da região, tem o direito de debater um assunto de interesse de todos. O reitor respondeu-lhe que não tinha discussão. Flávio disse que aquela atitude era arbitrária. O Reitor disse para o seu secretário, subserviente, “registra aí na Ata, ele disse arbitrário”, com um tom ameaçador.
O conselheiro Bruno Gonçalves, técnico administrativo, e membro da Comissão, disse que o relatório foi realizado, tendo ouvido 7 cidades que pleiteavam ser sede de campus. Durante dois meses, foram feito estudos e reuniões com grupos técnicos das cidades e que os dados de cada uma estavam no Relatório. De forma irredutível, o Reitor não mudou de posição, negando a discussão de campus no Vale.
Manifestantes de várias cidades do Vale, como Almenara, Araçuaí, Berilo, Capelinha, Diamantina, Itamarandiba, Itaobim, Itinga, Minas Novas e Virgem da Lapa protestaram contra o autoristarismo da reitoria. Ele negou taxativamente a inclusão do debate sobre expansão da UFVJM e aprovação de campus no Alto, Médio e Baixo Jequitinhonha. Foi ouvida uma vaia sonora de mais de 300 pessoas presentes no salão de reunião. Pedro Ângelo pediu para que os manifestantes se retirassem dali. Muitos gritaram: “daqui ninguém sai” e começou uma série de protestos individuais e coletivos.
Os manifestantes viraram-se de costas para o Reitor e entoaram o Hino Nacional, emocionados. Alguns conselheiros saíram de suas mesas e acompanharam os manifestantes. Logo depois, ouviam-se gritos de “ o povo unido jamais será vencido”, “o Vale unido jamais será vencido”, “Abaixo a ditadura!”e “A luta continua”.
Por mais de 2 horas, os manifestantes se mantiveram no saguão da Reitoria, dando entrevistas a jornais e à TV do Vale, de Diamantina. Os jornalistas estavam indignados, porque o Reitor havia expulsado a imprensa do Plenário do CONSU, perguntando quem os havia convidado, que “aquilo não era a casa da mãe Joana”. Um jornalista retrucou: “esta casa é do povo, não é do Reitor também não”.
Fabiany Ferraz, prefeita de Almenara, estava revoltada, dizendo não ter vivido tanto desrespeito ao Vale com neste dia. Júlio Mares, médico psiquiatra, ex-vice prefeito de Almenara, ressaltou que o autoristarismo praticado pelo Reitor é fruto do medo que ele tem do povo do Vale, da força do Movimento A UFVJM é nossa! . Ele pensa que a UFVJM é só dele, arrematou.
O jovem Hélio Silva, de Capelinha, estudante de jornalismo, gritou para os conselheiros que a Universidade é pública, que o salário recebido por eles é pago por nós, o povo brasileiro, que eles nos respeitassem.
Os vereadores de Capelinha Cleuber Luis e Wilson Coelho protestaram por o CONSU adiar a decisão de expansão do campus como uma posição deliberada de impedir tal proposta, de não querer a expansão.
Nádia Paulino, diretora de Escola Estadual, de Araçuaí, experiente educadora, falou que não dá para acreditar que ainda existe um gestor público como o Reitor, com tamanho autoritarismo, e ainda conta com a subserviência dos conselheiros que deviam denunciá-lo ao MEC.
No saguão, estudantes de Araçuaí e Capelinha cantavam a música do Legião Urbana “Que país é este?”. “Em Diamantina, no Senado, sujeira pra todo lado”. E gritavam o bordão: “Que país é este? Que país é este?”.
A professora Marta Sampaio, de Capelinha, do Movimento A UFVJM é nossa! resumiu o sentimento dos manifestantes que alia estavam: "
Os representantes das caravanas das cidades conversaram com vários conselheiros que manifestaram o sentimento e a percepção que o Reitor não quer aprovar nada pro Vale. Quer protelar, empurrar com a barriga, adiando sempre. Até passar o momento em que a Presidenta Dilma irá anunciar a expansão das Universidades Federais, em março ou abril.
Assim, só ficaria aprovado a criação de campus em Unaí e Janaúba que não precisou de projeto, nem de nenhum relatório embasado com diagnóstico para ser aprovado pelo CONSU. O Reitor fez tudo o que era preciso, inclusive visitando pessoalmente as cidades e propondo campus com maior estrutura do que o de Teófilo Otoni que está abandonado pela administração que só pensa em investir em Diamantina.
Fica a pergunta, Porque Janaúba e Unaí merecem ter um campus da UFVJM e cidades do Vale não?
A Rádio Aranãs FM, de Capelinha, esteve presente e fez sua reportagem.
Ouça abaixo:
ufvjm-pode-definir-sede-de-campus
Fonte: Blog do Banu
Nenhum comentário:
Postar um comentário